Cecilia Brunson Projects tem o prazer de anunciar a próxima exposição coletiva, com Feliciano Centurión (1962 – 1996),

José Leonilson (1957 – 1993) e Matheus Chiaratti (1988),

em colaboração com Gisela Projects. Para a mostra, Chiaratti produziu novos trabalhos que constroem um diálogo com Centurión e Leonilson, dois artistas que deram forma poética à identidade queer na América Latina dos anos 1980-90. Uma amizade imaginária entre esses artistas de gerações diferentes, que nunca se cruzaram, é articulada por Chiaratti através da escrita, de referências visuais e de uma sensibilidade artística compartilhada, centrada no amor, na paixão e na intimidade.

 

Centurión e Leonilson compartilharam histórias curiosamente simétricas, desenvolvidas na Argentina e no Brasil do pós-ditadura, quando o discurso artístico se voltou do político para questões internas. Entre as práticas da pintura e do têxtil, os artistas produziram obras delicadas e potentes que desafiavam convenções de gênero em uma expressão nova de identidades queer. Ambos contraíram HIV, um tema abordado em seus trabalhos tardios com notável crueza e honestidade, e vieram a falecer no auge dos seus trinta anos, com 34 e 36 anos. O uso da linguagem — versos poéticos, monólogos internos, dedicatórias bordadas em suas obras — resultou em vocalizações radicalmente claras e ternas de um amor queer, que nos fazem parecer familiares, em corpos de trabalho tão finitos.

 

A exposição destaca a prática pictórica de Centurión em seu início de carreira, incluindo obras não exibidas até então, com temas que vão de Donna Summer à natureza tropical de seu Paraguai natal. Pintadas logo após o artista deixar a casa da mãe e da avó para viver na fria e urbana Buenos Aires, em suas pinceladas indomadas e paleta inspirada na cultura Disco, elas se apresentam como expressões de liberdade e de desejo.

 

Um tecido pintado de Leonilson reflete o uso codificado de um símbolo que, ao mesmo tempo, transmite e protege pensamentos íntimos. Um par de peixes evoca tanto a fraternidade católica quanto o signo de Peixes e suas associações mitológicas com Afrodite e Eros, além do motivo queer do duplo, em uma imagem simultaneamente reservada e significativa.

 

As obras do artista brasileiro Matheus Chiaratti funcionam como uma cartografia emocional, uma forma de organizar o mundo a partir de uma perspectiva inquieta e profundamente curiosa. Ao longo de sua prática, os jardins de sua avó materna são restaurados como território de desejo, memória e teatralidade,

em uma natureza que surge como um cenário de abundância e

um monumento romântico aos sentimentos mais primordiais.

 

É através da pintura, do tecido, da cerâmica, da fotografia que a investigação da palavra e sua potência poética se revela como o centro da produção do artista. Imagens evocativas da natureza, referências da história da arte e o mapeamento de símbolos e pensamentos, rearranjados em um universo próprio, se apresentam como um diário visual, um sketchbook: um mundo ao mesmo tempo mítico e banal, íntimo e sagrado.

 

Suas composições tomam notas de trabalhos de Centurión, Leonilson, e outros guias queers, tais como as fontes e flores desses artistas, o amor violento e intenso de Frida Kahlo por Diego Rivera — tatuado em sua pele, além de escritos explícitos sobre Jean Genet. Dentre as suas mais profundas expressões pessoais, está ali sublinhada uma herança cultural prévia e latente.

 

 

Sobre Cecilia Brunson Projects:
Fundada em 2013, Cecilia Brunson Projects é a principal galeria de Londres dedicada à promoção da arte da América Latina.

O programa da galeria coloca vozes históricas negligenciadas em diálogo com talentos contemporâneos emergentes, muitas vezes inéditos. Nossa missão é dar visibilidade a artistas

Latino-americanos excepcionais, de diferentes gerações,

e aumentar a conscientização sobre seu papel na formação de movimentos artísticos globais.

 

Sobre Gisela Projects:
Gisela Projects é uma galeria itinerante que representa um grupo de artistas internacionais e acredita que arte precisa ser vivida — interações dinâmicas que podem acontecer de muitas formas e em muitos lugares. Em parceria com outras galerias e instituições, cria projetos que apresentam novas oportunidades — mais  empolgantes e flexíveis — de engajamento com a arte contemporânea. Desde 2021, realizou mais de trinta exposições ao redor do mundo e participou de feiras de arte no Brasil e nos Estados Unidos, como a ArtRio (2022 e 2023), SP-Arte (2023 e 2024), NADA Miami (2022 e 2024) e Nova York (2024).

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INFO

The River that Covers Me

Opening: 8 October 2025

Until 21 November 2025

Cecilia Brunson Projects

3G Royal Oak Yard, Bermondsey St, London SE1 3GE